Classificar riscos como riscos puros e riscos especulativos é a melhor maneira de se compreender o espírito da norma ISO 31000 de Gestão de Riscos...
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Há vários anos, autores e estudiosos da Gestão de Riscos têm adotado diferentes taxonomias para classificar os riscos que podem atingir uma organização. Uma delas, que utilizo até hoje, agrupa basicamente os riscos em: riscos especulativos (ou dinâmicos) e riscos puros (ou estáticos).
A diferença principal entre essas duas categorias de risco reside no fato de que os riscos especulativos envolvem uma possibilidade de ganho ou uma chance de perda; ao passo que os riscos puros envolvem somente uma chance de perda, não existindo nenhuma possibilidade de ganho ou de lucro.
Um exemplo clássico que mostra essa diferença é o do proprietário de um veículo, cujo risco (puro) que está associado a ele é o da perda potencial por colisão. Se ocorrer eventualmente uma colisão, o proprietário sofrerá, no mínimo, uma perda financeira. Se não ocorrer nenhuma colisão, o proprietário não terá, obviamente, nenhum ganho.
Determinados riscos puros são também chamados riscos seguráveis, ou seja, são os riscos que podem ser compartilhados por uma organização por meio da compra de seguros (ver seção 6.5.2, Seleção de opções de tratamento de riscos, da nova ISO 31000:2018).
Tradicionalmente, os riscos especulativos são divididos em três classes: riscos administrativos, riscos políticos e riscos de inovação.
Os riscos administrativos estão intimamente relacionados ao processo de tomada de decisões: uma decisão errada pode gerar perdas consideráveis, enquanto que uma decisão correta pode trazer lucros para a empresa. O problema maior está na dificuldade de se prever, com exatidão, o resultado que advirá da decisão adotada... Essa incerteza nada mais é do que aquela relacionada à própria definição de risco que foi adotada na ISO 31000 e no ISO Guia 73.
Os riscos administrativos podem ainda ser subdivididos em:
- riscos de mercado: são certos fatores que tornam incerta a venda de um determinado produto ou serviço, a um preço suficiente que traga resultados satisfatórios em relação ao capital investido.
- riscos financeiros: dizem respeito às incertezas em relação às decisões tomadas sobre a política econômico-financeira da organização;
- riscos de produção: envolvem questões e incertezas quanto a materiais, equipamentos, mão de obra e tecnologia utilizados na fabricação de um produto ou na prestação de um determinado serviço.
Os riscos políticos, por sua vez, são aqueles derivados de leis, decretos, portarias, resoluções etc., oriundos do Governo Federal, Estadual e Municipal, os quais podem ameaçar os interesses e objetivos da organização.
Por último, os riscos de inovação referem-se às incertezas decorrentes, normalmente, da introdução (oferta) de novos produtos ou serviços no mercado, e da sua aceitação (demanda) pelos consumidores.
Resumo da ópera
A quantidade e o tipo de classificações de riscos variam enormemente, dependendo dos interesses dos grupos e pessoas que efetuam essa classificação. Na área financeira, por exemplo, os riscos normalmente são classificados em: riscos de liquidez, de mercado, de reputação e operacionais.
A macroclassificação em riscos puros (que muitos também chamam de 'riscos negativos') e riscos especulativos (que incluem os chamados 'riscos positivos') me parece ainda a mais adequada para se compreender melhor o espírito, os conceitos e os princípios da norma ISO 31000 de Gestão de Riscos!
Saiba mais no nosso Manual: Tecnologias Consagradas de Gestão de Riscos.